O caso Juan é emblemático. Mas correu o risco de se reduzir a apenas mais alguns números frios da mórbida estatística de desaparecimentos, de autos de resistência e de lesões corporais graves da segurança pública do estado. Isso só não ocorreu porque a mídia deu bastante visibilidade ao caso, à luta das famílias das vítimas por seus direitos, por um tratamento digno por parte do Estado, por uma investigação rigorosa do caso, contra a criminalização das próprias vítimas, todas pobres, negras e faveladas.
Diante da morosidade inicial no trabalho da polícia, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj cobrou da Segurança Pública mais empenho nas investigações do crime, nas buscas para a localização de Juan. A Comissão também promoveu uma articulação de diferentes órgãos para garantir a devida assistência social e jurídica às vítimas e suas famílias, mobilizando a Defensoria Pública, o Conselho Tutelar, a Secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, o Ministério Público e os programas de proteção.
Onde está Juan? Ainda é um mistério o destino do menino de 11 anos, morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Mas há a suspeita de que tenha sido assassinado. O estudante foi visto pela última vez no dia 20/6, caído, baleado, em um beco da pequena comunidade Danon. Na mesma ocasião, o seu irmão, Wesley, 14, também foi ferido a tiros, assim como Wanderson, 19, que voltava para casa naquela hora do depósito de doces onde há 1 ano e 3 meses trabalha como repositor de mercadorias.
Em vez de seguir para a escola, depois do trabalho, Wanderson foi algemado, assim mantido no Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, onde ainda está internado com tiros nas pernas e nas costas. Terá de se submeter a sessões de fisioterapia para poder voltar a caminhar. Só na noite da quarta-feira (29/6), o jovem recebeu a liberdade provisória, embora o alvará tivesse sido expedido na noite anterior. Ele já está sob o atendimento da Defensoria Pública.
Wesley e sua família, os pais e dois irmãos mais novos, entraram no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM). Wanderson continuava até esta quinta no Hospital de Saracuruna, sob proteção de policiais civis da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil.
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