segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Avós da Praça de Maio completam 35 anos de luta na Argentina




Do OperaMundi

As Avós da Praça de Maio completam nesta segunda-feira (22) 35 anos de luta pela busca por netos apropriados durante a última ditadura militar argentina. Até o momento, 107 crianças conseguiram ter suas identidades resgatadas.

No dia 9 de outubro deste ano a organização a organização anunciou o descobrimento da 107ª neta, uma jovem da província de Córdoba. Estima-se que cerca de 500 crianças e bebês nascidos entre 1975 e 1980 foram adotadas ilegalmente e separados de suas famílias por agentes do estado.

Além da busca pelos netos sequestrados, outra luta das Avós foram a busca pela comprovação dos centros clandestinos de detenção, por onde passaram mulheres grávidas, a defesa pelo julgamento de crimes de lesa humanidade e a revindicação de punição proporcional para todos os responsáveis.

Neste ano, o primeiro presidente da ditadura, Jorge Rafael Videla, foi condenado a 50 anos de prisão pelo Plano Sistemático de Roubo de Bebês. De acordo com o Centro de Estudos Legais e Sociais (Cels), 1.861 pessoas, entre civis e militares, estão ou já estiveram envolvidos em casos de crimes cometidos durante a ditadura. Desse total, 244 já foram condenados.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Nota do Núcleo Frei Tito sobre as alianças do PSOL em Macapá





NOTA DO NÚCLEO FREI TITO SOBRE AS ALIANÇAS DO PSOL EM MACAPÁ

Por um PSOL classista, ecossocialista, sem alianças com inimigos dos direitos humanos e da democratização da Comunicação e da Cultura!


O Núcleo Frei Tito repudia com veemência a absurda política de alianças que vem sendo posta em prática em Macapá, após o candidato do PSOL alcançar o segundo turno das eleições municipais.

Fica claro que se trata de uma aliança, e não de mero apoio eleitoral, como afirmam os dirigentes amapaenses, quando notamos que foram realizados atos políticos para formalizar e comemorar os “apoios” recebidos. Há inclusive registros em vídeo do candidato do PSOL à prefeitura de Macapá, Clécio Luis, lançando Lucas Barreto, do PTB, ao governo do estado (1), e do senador da República pelo PSOL, Randolfe Rodrigues, eliminando toda e qualquer dúvida ao dizer que se trata de uma “aliança para ganhar a eleição no último domingo deste outubro, mas é uma aliança também para governar junto” (2) com a coligação DEM-PSDB-PTB. 

Além disso, fotos(3) mostram o candidato e o senador Randolfe de mãos dadas e erguidas com parlamentares e dirigentes da direita amapaense. Muitas dessas figuras carregam uma história extremamente negativa. O deputado federal Sebastião Bala Rocha, do PDT, por exemplo, responde a ação penal por desvio de verbas (4); Rosemiro Rocha, do PTB e ex-prefeito de Santana, é condenado por corrupção (5), em decorrência da Operação Pororoca, da Polícia Federal; Lucas Barreto, ex-deputado estadual pelo PTB e candidato ao governo do estado em 2010, por sua vez, foi flagrado como servidor fantasma do Senado Federal (6); Já Mira Rocha, deputada estadual pelo PTB, para além de agredir fisicamente um blogueiro que a tinha criticado, assumiu ter mais de quatrocentos assessores (7). Nas fotos também é visto Davi Alcolumbre, presidente do DEM no Amapá, deputado federal e candidato a prefeito de Macapá em 2012, também alvo de inquérito em decorrência da Operação Pororoca (8).

Deste modo, o Núcleo deplora a aliança conduzida pelo candidato Clécio e patrocinada pelo senador Randolfe Rodrigues com partidos como DEM, PSDB e PTB. Para além de figurarem no campo ideológico oposto ao do PSOL, é preciso lembrar que também são partidos notabilizados por, uma vez no poder, proceder com extrema violência no que tange às questões sociais, potencializando o processo de criminalização da pobreza e indo contra toda a luta pelos direitos humanos. Não bastasse, estes grupos trabalham com afinco para evitar a democratização da Comunicação e da Cultura no Brasil.

Assim, o Núcleo Frei Tito aproveita a ocasião para exigir que a Direção Nacional do PSOL se reúna com urgência, para fazer respeitar as resoluções congressuais que proíbem tais alianças políticas. Da mesma feita, conclama tod@s @s militantes, e em especial as figuras públicas do partido, a se manifestarem contra esta aberração incompatível com nossa história de coerência com as lutas dos trabalhadores e dos movimentos sociais.


Niterói, 18 de outubro de 2012

Núcleo Frei Tito de Direitos Humanos, Comunicação e Cultura do PSOL




(1) https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=ZqDI8uG_QVo

(2) https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=KbJ-PXiNtUw

(3) https://fbcdn-sphotos-g-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash3/67186_420147518041094_396850470_n.jpg; https://fbcdn-sphotos-h-a.akamaihd.net/hphotos-ak-snc6/285785_10151252133527246_357220657_n.jpg; https://fbcdn-sphotos-e-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash4/391634_351146111641714_1595250575_n.jpg

(4) http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/sebastiao-bala-rocha-pdt-ap-2/

(5) http://www.prap.mpf.gov.br/noticias/noticia.php?cdnoticia=2913

(6) http://www.folha-ap.com.br/m=24482/folhadoestado.html

(7) http://blogdodinizsena.blogspot.com.br/2010/08/deputada-mira-rocha-admite-ter-400.html; http://heverson-castro.blogspot.com.br/2011/12/mira-rocha-perde-o-controle-e-agride.html

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

PSOL: Seguir construindo uma mudança de verdade em Niterói


Nem Rodrigo Neves (PT), nem Felipe Peixoto (PDT)

As eleições de 2012 marcaram um momento importante para o PSOL e para a cidade de Niterói. Flavio Serafini, nosso candidato a prefeito, fez 18,4% dos votos, alcançando quase 50.000 eleitores, mesmo enfrentando campanhas milionárias, uso da máquina pública e manipulação de pesquisas eleitorais. Além disso, o PSOL triplicou sua bancada de vereadores, elegendo Paulo Eduardo, Renatinho e Henrique Vieira, sendo os dois primeiros os mais votados da cidade. Por outro lado, a cidade teve a possibilidade de assistir ao seu primeiro pleito municipal após a tragédia das chuvas de abril de 2010, quando emergiu de forma dramática para toda Niterói, a sua face mais desigual.

Nós do PSOL nos empenhamos em realizar uma campanha limpa, centrada na mobilização dos jovens e trabalhadores da cidade ao redor de um projeto de mudança. Apresentamos contribuições programáticas buscando enfrentar o modelo de desigualdade, precarização dos serviços públicos, favorecimento de interesses privados, falta de transparência e de participação, crescimento desordenado e caos no trânsito. Buscamos apontar como nossos adversários, ao longo de suas trajetórias, contribuíram para que nossa cidade passasse por boa parte dos problemas que vemos hoje. Buscamos colocar em pauta a defesa dos direitos dos trabalhadores da cidade, de uma política de habitação social, da contenção do crescimento desordenado, da mudança na matriz de transportes, do fortalecimento dos direitos sociais e do serviço público, a começar pela valorização dos profissionais e de radicalização da democracia e da transparência.

Felipe Peixoto e Rodrigo Neves começaram suas trajetórias ligados a Jorge Roberto Silveira, foram inclusive seus secretários. Votaram a favor de questões que a nosso ver contrariavam os interesses públicos da cidade, como os atuais parâmetros urbanísticos da Orla da Baía, que permitiram a multiplicação dos espigões na cidade, aprovados em 2002, a portas fechadas na Câmara de Vereadores. Felipe votou a favor do inchaço da máquina pública, inclusive do conselho consultivo. Rodrigo votou a favor da cobrança de pedágio no Túnel Charitas – Cafubá. PT e PDT têm em Niterói ou no Brasil estimulado e implementado a privatização e o sucateamento dos serviços públicos com terceirizações e organizações sociais.

Recentemente, Felipe e Rodrigo foram secretários de Sérgio Cabral e nunca disseram nada contra a precarização do serviço público, o desrespeito aos profissionais, dentre eles os professores e bombeiros. Também calaram ante os desrespeitos à população de Niterói, como no caso do aumento abusivo da tarifa das Barcas ou do sucateamento da segurança pública da cidade, com o abandono dos GPAES justo no momento de implantação das UPPs na cidade do Rio. Ambos apresentam-se como novidades cercados da velha política da cidade que, ao apagar das luzes, buscaram aprovar na Câmara de Vereadores um aumento de mais de 60% em seus próprios salários, do prefeito e dos secretários. Isso no momento em que se fala em cortar cargos comissionados.

Ao longo da campanha avaliamos que nossos adversários, por terem sido parte do caminho que levou Niterói a enfrentar os problemas de hoje, não teriam condições de realizar as mudanças necessárias. Que os grupos sociais que os apoiam, e que as próprias lógicas das campanhas milionárias que fizeram, os deixariam atrelados à especulação imobiliária, às empresas de ônibus, da educação privada, enfim, aos que comandaram a cidade nos últimos anos. Sendo coerentes com esta avaliação, o PSOL não apoia nem indica voto em qualquer dos candidatos, O PSOL vai votar nulo no segundo turno. 

Aos quase 50 mil niteroienses que depositaram confiança em nosso programa votando em Flavio Serafini, devemos nossos agradecimentos, mas sobretudo nosso respeito. Nós do PSOL vamos seguir lutando para construir uma alternativa e convocamos toda população a junto conosco, nossos vereadores e movimentos sociais, seguir buscando as mudanças que Niterói precisa.

Partido Socialismo e Liberdade - Niterói

terça-feira, 9 de outubro de 2012

OAB cria Comissão da Verdade para apurar ditadura


Do Portal Terra



O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, anunciou nesta segunda-feira a criação de uma Comissão da Verdade no âmbito da entidade, destinada a contribuir com os trabalhos de apuração de violações de direitos humanos da Comissão Nacional da Verdade (CNV).

Ele informou que os membros da Comissão da Verdade da OAB Nacional serão designados nos próximos dias. O comunicado foi feito após reunião com os membros da CNV.

O objetivo da comissão criada pela OAB é auxiliar no resgate histórico das graves ameaças aos direitos humanos no País, de 1946 a 1988. "Consideramos que os advogados brasileiros têm muito a contribuir para o resgate da história deste País. Os advogados que trabalharam no período da ditadura defendendo os presos políticos têm seus acervos, suas anotações históricas e, certamente, muitos dados que podem ser divulgados para a sociedade brasileira em colaboração com a Comissão Nacional da Verdade", disse Cavalcante.

A CNV tem como missão examinar e esclarecer as graves violações aos direitos humanos praticadas por agentes públicos, pessoas com apoio ou a serviço do Estado, ocorridas entre 1946 e 1988, com destaque para o período da ditadura militar (1964-1985).

O membro José Carlos Dias considera a pareceria muito importante e que irá auxiliar o trabalho de coleta de dados. "Como ex-advogado de preso político, posso dizer que todos nós possuímos em nossos arquivos elementos que são importantes e que podem ser carreados para ajudar a Comissão Nacional da Verdade a procurar desvendar esse período da história brasileira", avaliou Dias, que foi ministro da Justiça de 1999 a 2000.

Em agosto, a CNV e a Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro já haviam firmado um acordo de cooperação técnica para a apuração e esclarecimento de violações aos direitos humanos registradas no Estado do Rio de Janeiro. Com a decisão da OAB Nacional, a expectativa é que as seccionais dos Estados também criem comissões similares.

Polícia grega tortura manifestantes antifascistas


Militantes antifascistas gregos presos quando se manifestavam em Atenas contra as práticas do partido fascista Aurora Dourada foram torturados na Direcção Geral de Polícia, em Atenas, sofrendo sevícias como as dos detidos em Abu Ghraib, no Iraque.

Do Esquerda.net




As denúncias foram feitas em Atenas pelos advogados e pelas próprias vítimas, que exibiram as provas das violências sobre elas cometidas pelos agentes da Diretoria Geral de Polícia (GADA) em Ática, na capital grega. As sevícias incidiram sobre cerca de 40 pessoas, 15 presas inicialmente durante a manifestação contra o grupo nazi, que terminou em confrontos, e 25 que no dia seguinte se manifestavam contra a detenção dos companheiros.

Os detidos descreveram uma grande variedade de práticas violentas tanto físicas como psicológicas cometidas pelos agentes da polícia e denunciaram que algumas se inspiraram nas descrições do que soldados norte-americanos de ocupação fizeram contra resistentes iraquianos na prisão de Abu Ghraib. Revelaram que foram esbofeteados e espancados por um agente enquanto outros olhavam, foram cuspidos e "usados como cinzeiros" porque "fediam" e obrigados a ficar acordados durante toda a noite com lâmpadas, tochas e lasers incidindo continuamente nos olhos.

Alguns acrescentaram que foram queimados nos braços com isqueiros e que agentes da polícia os captaram em vídeo com os próprios telemóveis ameaçando divulgar as imagens na internet e entregá-las também ao Aurora Dourada.

O jornal britânico Guardian tem revelado casos em que a polícia aconselha pessoas a procurarem auxílio suplementar junto do Aurora Dourada, sobretudo quando se trata de "questões com imigrantes", em troca de contribuições para os neonazis.

Uma das mulheres detidas revelou que agentes a insultaram com termos sexuais explícitos de grande violência enquanto outros lhe puxaram a cabeça pelos cabelos para impedir que se recusasse a ser filmada durante os interrogatórios.

Um outro detido revelou que apesar de sofrer uma forte hemorragia devido a uma ferida na cabeça e de ter um braço partido continuou a ser espancado dentro das instalações policiais enquanto lhe foi recusada assistência médica até à manhã seguinte. Outro foi forçado a abrir as pernas para que outros agentes o agredissem nos testículos.

"Cuspiram-me e disseram que havíamos de morrer como os nossos pais na guerra civil", acrescentou o mesmo detido. Um outro revelou que foi atingido por um taser na espinha dorsal quando tentava fugir. A marca ainda é visível. "É como um choque elétrico", descreveu; "as minhas pernas ficaram paralisadas durante alguns minutos e caí. Depois, prosseguiu, "algemaram-me atrás das costas, começaram a pontapear-me nas costelas e na cabeça". O jovem descreveu ainda que foi obrigado a levantar-se puxando-o pela corrente das algemas e o seguraram pelo queixo enquanto vários agentes o esmurravam.

Membros do grupo de manifestantes detidos por se solidarizarem com os companheiros foram humilhados nas instalações policiais, despidos e obrigados a curvar-se em frente de todas as pessoas que estavam presentes. "Fizeram o que quiseram connosco", declarou um deles ao Guardian. "Esbofetearam-nos, bateram-nos, exigiram-nos que não os olhássemos, que não cruzássemos as pernas", disse. Na presença deles, o agente atendeu o telemóvel e foi dizendo "estou a trabalhar, a lixá-los, a lixá-los bem". No fim, quatro foram acusados de "resistência à detenção". "Foi um dia do passado, do tempo da Junta dos coronéis", comentou um deles.

Colocado perante os factos pelo jornal britânico, o porta-voz da polícia grega, Christos Manouras, respondeu que "não houve uso da força por agentes da polícia contra ninguém nas instalações da GADA". Explicando que os responsáveis "averiguam e investigam em pormenor todos os relatos sobre uso de violência", o porta-voz rematou que "não existem dúvidas de que a polícia grega respeita sempre os direitos humanos e não recorre à violência".

Dimitris Katsaris, advogado de quatro dos detidos, afirmou que os seus clientes sofreram humilhações do "tipo de Abu Ghraib". Explicou que "isto não foi apenas um caso de brutalidade policial do género dos que temos ouvido falar em todos os países europeus, agora e sempre; isto está a acontecer diariamente; temos as fotografias, temos as provas do que acontece às pessoas presas por protestarem contra o aumento de influência do partido neonazi na Grécia. Isto", acrescentou, " é uma nova face da polícia, com a colaboração do sistema judicial".

Brasil endossa frente de enfraquecimento do Sistema Interamericano de Direitos Humanos

Brasil, Colômbia, Equador e Venezuela constituem frente pelo enfraquecimento do Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH).

Do Justiça Global





Belo Monte: o divisor de águas

O interesse do governo brasileiro na desarticulação do Sistema foi motivado, principalmente, por medidas cautelares outorgadas pela CIDH, em abril de 2011, em favor das comunidades indígenas na bacia do Rio Xingu, solicitando a suspensão do licenciamento e construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, e a consulta prévia adequadas as comunidades.

Em retaliação, o Brasil, pela primeira vez em sua história, não compareceu a uma reunião de trabalho da OEA para tratar o caso, retirou o embaixador perante a OEA, suspendeu a sua contribuição anual e não apresentou a até então esperada candidatura do ex-Ministro de Direitos Humanos Paulo Vannuchi para a Comissão Interamericana, que substituiria o também ex-ministro Paulo Sérgio Pinheiro.

Contrariado pela decisão que determinava a paralisação das obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte, o governo da presidente Dilma chegou a cogitar se desligar da OEA. A diplomacia brasileira – que raramente se pronunciava nos debates sobre o sistema interamericano, reformas do regulamento – assumiu desde o ano passado uma postura agressiva de ataque à Comissão Interamericana, principalmente no sentido de limitar as Medidas Cautelares. O mal estar criado pelo Brasil com relação às medidas cautelares de Belo Monte serviu como sinal verde para que outros países – que tradicionalmente vem tentando enfraquecer o sistema interamericano, como Colômbia, Venezuela e Equador – tomassem posições ainda mais pesadas.

Em 1990, o sistema de direitos humanos da OEA também passou por um processo de reformulação e foi aberto um processo de diálogo com os Estados. E, agora, mais uma vez, o processo é retomado. Nesse caso, no entanto, o que fica evidente é a intenção dos países-membros por trás deste processo ironicamente chamado de “fortalecimento”.

Para a Justiça Global, desde o início, está clara a intenção dos governos de retirar a autonomia da Comissão Interamericana e a sua possibilidade da Comissão de analisar violações de direitos humanos no contexto de megaempreendimentos e grandes projetos de infra-estrutura. Não bastasse isso, salta aos olhos a falta de transparência e de abertura de participação das organizações da sociedade civil: as vítimas de direitos humanos e os seus representantes não foram chamados para participar das discussões do Grupo de Trabalho (GT) criado para pensar o alegado fortalecimento. Além disso, o GT focou seus esforços em temas que historicamente têm incomodado os Estados. Nenhuma medida foi proposta no sentido de fortalecer os principais atores do SIDH, as vítimas e seus representantes. Tampouco estão sendo discutidos mecanismos para assegurar maior efetividade ao cumprimento – por parte dos Estados – das decisões finais dos casos e das medidas cautelares.

Pela sua forte influência regional, a posição do Brasil tem sido considerada por organizações de direitos humanos e analistas de vários países como definidora dos rumos da CIDH. Caso o governo brasileiro mantenha a atual postura, dificilmente o Sistema Interamericano de Proteção de Direitos Humanos sairá deste processo mais qualificado a responder às demandas das incontáveis vítimas de violações de direitos humanos nas Américas.

Na última sexta-feira, 5/10, a Justiça Global apresentou por escrito suas considerações , preocupações e propostas sobre o processo para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. Leia a posição da Justiça Global sobre o fortalecimento do SIDH aqui.
O SIDH é composto pela Corte Interamericana e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgãos da OEA.

Articulação inédita de indígenas e pescadores promove nova ocupação de Belo Monte


Após o não cumprimento de acordos por parte da Norte Energia, ocupação permanecerá até que todas as reivindicações sejam atendidas, dizem indígenas

Do Xingu Vivo




Por volta das 19h desta segunda-feira (8), cerca de 120 manifestantes  indígenas das etnias Xipaia, Kuruaia, Parakanã, Arara do rio Iriri, Juruna, e Assurini uniram-se aos pescadores, que estão há 24 dias protestando contra o barramento definitivo do rio Xingu (PA), e ocuparam novamente a ensecadeira do canteiro de obras de Pimental para paralisar a construção de Belo Monte. Os indígenas tomaram as chaves de caminhões e tratores na ensecadeira, e os trabalhadores tiveram que deixar o local a pé.

De acordo com os manifestantes, a ação, que é pacífica, ocorre em função do completo descumprimento dos acordos firmados pelo Consórcio Norte Energia com os indígenas depois da última ocupação da ensecadeira, entre junho e julho deste ano; o não cumprimento de grande parte das condicionantes; a total falta de diálogo da empresa com os pescadores; e a ameaça concreta de alagamento de parte de Altamira com o barramento definitivo do rio Xingu. Pequenos agricultores, moradores de Altamira e oleiros da região devem se juntar aos protestos ao longo da semana.

Os manifestantes acusam o empreendimento de fechar o rio sem que tenha sido solucionada a transposição de barcos de um lado a outro da ensecadeira, como exige a Licença de Instalação (LI) outorgada pelo Ibama.

De acordo com o órgão, o fechamento do rio não poderá ocorrer e a empresa não poderá interromper o fluxo de embarcações até que o sistema provisório de transposição de embarcações esteja em pleno funcionamento (item 2.6 da LI).

Segundo os pescadores, a ensecadeira, que tem mais de 5 km, deve ser concluída nos próximos dias. “O que temos aqui é uma cena de terra arrasada. A ilha de Pimental foi completamente destruida, só é árvore no chão, e a água está podre. É muito chocante”, afirma um dos manifestantes.

De acordo com os indígenas, desta vez a ocupação deve permanecer até que todos os acordos firmados em julho tenham sido cumpridos. Os pescadores também reafirmam a intenção de permanecer por tempo indeterminado.

Apoio

Todo o apoio aos manifestantes neste momento é essencial. Nesse sentido, qualquer contribuição financeira para a luta é muito importante e benvinda. Aqueles que desejarem ajudar, podem depositar qualquer quantia nas conta:

Mutirão pela Cidadania, CNPJ 01993646/0001-80
Caixa Economica Federal -  Agencia- 0551   OP- 003  Conta/Corrente – 1532-7
Banco Bradesco – agencia -1011   C/C- 32955-0

Avós da Praça de Maio encontram a 107ª neta na Argentina


Do OperaMundi

Coletiva das Avós da Praça de Maio





A menos de duas semanas de seu aniversário de 35 anos, as Avós da Praça Maio, movimento que busca identificar crianças desaparecidas pela ditadura militar argentina (1976-1983), anunciaram nesta terça-feira (09/10) que uma jovem da província de Córdoba tornou-se a 107.ª neta a conhecer sua verdadeira identidade. Estima-se que cerca de 500 crianças e bebês nascidos entre 1975 e 1980 foram adotados ilegalmente e separados de suas famílias por agentes do terror estatal.

O caso é particular porque a mãe da jovem está viva e participou da coletiva de imprensa na sede das Avós da Praça de Maio. Visivelmente emocionada, Maria de las Mercedes Moreno, contou que ainda não havia podido encontrar-se com sua filha porque a jovem teria pedido “um tempo” e que seu único desejo agora é “conhecê-la e abraçá-la”.

Detida por levar cartas

Durante o ano de 1977, María de las Mercedes visitava seu marido, Carlos Hector Oviedo, em uma penitenciária de Córdoba, onde também havia presos por motivos políticos. Solidária à situação das pessoas que estavam detidas sem direito a contato com suas famílias, María de las Mercedes começou a levar cartas aos familiares dos presos políticos.

Em setembro de 1978, grávida de sete meses, María de las Mercedes foi presa de forma ilegal e sofreu torturas até dar à luz uma menina no dia 11 de outubro. No entanto, as duas foram separadas imediatamente após o parto. Quando recuperou a liberdade, em 1979, tentou encontrar sua filha por meios próprios, mas sem sucesso.

Há um ano, ela decidiu procurar as Avós da Praça de Maio de Córdoba e, com assessoria da organização, chegou ao paradeiro da jovem desaparecida, que foi criada e registrada como filha legítima pela chefe de Assistência Social de um hospital pediátrico da cidade de Córdoba.

Em entrevista coletiva, Estela Carlotto, presidente das Avós da Praça de Maio, recordou que “nesses 35 anos de trajetória chegamos a 107 abraços” e encorajou a quem tenha dúvidas sobre sua identidade a aproximar-se das Avós. “Queremos ser a memória viva da história dos seus pais”.

A principal finalidade da Associação Civil Avós da Praça de Maio, que completa 35 anos no dia 22 de outubro,  é localizar e restituir todas as crianças sequestradas ou desaparecidas pela ditadura militar argentina (1976-1983) às suas famílias verdadeiras.

O grupo também busca criar condições para evitar crimes de lesa humanidade e reivindica a punição proporcional para todos os responsáveis. Em 12 de maio de 2008 foram nominadas ao Prêmio Nobel da Paz.

Sobre as eleições 2012 e seus resultados


Por Adriana Facina.

Muito feliz com o resultado das eleições no Rio e em Niterói. PSOL ampliou muito sua bancada. Paulo Eduardo Gomes e Renatinho PSol foram os vereadores mais votados e ainda elegemos Henrique Vieira, que fez belíssima campanha. Teremos outra câmara em Niterói. Flavio Serafini despontou como nova liderança política, ganhando muito respeito, mesmo entre seus adversários. E, de quebra, ainda desbancou a campanha milionária do Zveiter. No Rio, além de ampliarmos a bancada, elegemos Renato Cinco, com uma candidatura que traz o difícil tema do antiproibicionismo. Meu candidato, Mc Leonardo Apafunk, fez uma belíssima campanha, levando informação e debates fundamentais para nossa cultura. Marcelo Freixo se tornou agora um político com expressão nacional e tenho certeza de que sua trajetória está em franca ascensão.

Sei que muita gente está triste, pq não chegamos no segundo turno. Sobretudo aquela rapaziada que estreou agora na militância, nessa campanha tão bonita e inspirada. Para esses eu queria dizer algumas palavras. Em primeiro lugar, não acreditem que a reeleição do Paes é fruto da burrice ou da alienação,ou mesmo da ignorância do povo. Nosso povo é sofrido e vota com o pragmatismo daqueles que matam um leão por dia pra sobreviver e dar de comer aos seus. Claro que existem os oportunistas, mas são minoria. A desigualdade do tempo de TV, a campanha nojenta da mídia corporativa e antidemocrática, os rios de dinheiros fornecidos por empreiteiras e empresas de transporte tudo isso conta. Mas conta mais o dinheiro no bolso, a promessa de emprego, as expectativas de oportunidades de vida. Essa pauta é mais relevante do que a das milícias ou da ética na política, por exemplo. E há uma lógica nisso que temos de reconhecer e dialogar com ela. Pensem em Gramsci nos cárceres do fascismo, tentando entender a derrota comunista e, mesmo naquelas condições dramáticas, se recusando a dar respostas fáceis e elitistas. O comunista italiano, naquelas condições, afirmava o núcleo de bom senso do senso comum e trazia a máxima radical: todos são intelectuais.

Esse povo que hoje reelegeu o Pae$ é o povo com que faremos a revolução e não outro. É com ele que aprenderemos, é com ele que dialogaremos. Estamos em processo, na luta e com humildade tentando aprender com nossas derrotas. Como diz o grande pensador Carlos Walter Porto Gonçalves, o dia em que conseguirmos nos comunicar com aquelas subjetividades que se entristecem no domingo pq a segunda está próxima, marcando um novo ciclo de exploração do trabalho e de vida sem sentido, faremos a revolução.

Luta que segue. Temos agora a primavera nos dentes. Nada poderá detê-la.