quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

GTNM-RJ inaugura Memorial para presos políticos assassinados durante a ditadura

O Grupo Tortura Nunca Mais inaugurou na manhã deste domingo, dia 11, parte das obras do Memorial dos Presos Políticos da Ditadura, no Cemitério de Ricardo de Albuquerque. O projeto do GTNM teve o Processo nº. 06/050.037/2008, aprovado pela Diretoria de Controle de Cemitérios e Serviços Funerários da Secretaria Municipal de Obras do Rio de Janeiro. Esta obra contou com a colaboração e apoio do vice-prefeito e secretário de Meio Ambiente da Cidade do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Muniz, através da RioUrbe (empresa vinculada à Secretaria Municipal de Obras).

Estiveram presentes ao local representantes do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, além de vários parentes e amigos dos mortos que ali jaz identificados. A abertura foi feita pela presidenta Cecília Coimbra, e pela vice, Victória Grabois. Alguns familiares foram convidados a dar seus depoimentos e pequenas explanações foram feitas com bastante emoção e veemência, lembrando a ausência ainda muito presente de seus entes queridos.

Para fechar o evento, o vice-prefeito Carlos Alberto Muniz fez um discurso em que narrou sobre alguns momentos em que conviveu com alguns daqueles militantes, agora devidamente enterrados com dignidade no cemitério de Ricardo de Albuquerque; e afirmou que a luta pela procura dos muitos ainda desaparecidos não acabou. Para finalizar, Muniz disse que ajudou e conseguiu viabilizar o projeto e ratificou que a luta será incansável por aqueles que deram suas vidas à nação por um Brasil melhor.

O projeto, idealizado pelo Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, é composto por 14 totens espelhados que levam os nomes dos homenageados. Os companheiros terão suas ossadas depositadas em caixas, num grande túmulo de granito. Para a inauguração final, falta apenas a transferência das ossadas que estão armazenadas no Hospital Geral de Bonsucesso.

O trabalho de exumação das 2.100 ossadas depositadas como indigentes em valas de Ricardo de Albuquerque, vizinha ao Campo de Gericinó, foi iniciado há exatos 20 anos. Depois de serem recuperados e guardados no IML de Campo Grande, foram transferidas para o Hospital de Bonsucesso, entidade indicada pelo CREMERJ que oferecia local adequado para a catalogação dos crânios e arcadas dentárias.

Abaixo, a lista dos 14 militantes políticos assassinados entre 1971 e 1973. Eles fizeram oposição à ditadura imposta ao povo brasileiro entre 1964 e 1985:

1 – Almir Custódio de Lima (PCBR): 1950-1973
2 – Getulio D’Oliveira Cabral (PCBR): 1942-1972
3 – José Bartolomeu Rodrigues de Souza (PCBR): 1949-1972
4 – José Gomes Teixeira (MR8): 1941-1971
5 – José Raimundo da Costa (VPR): 1938-1971
6 – José Silton Pinheiro (PCBR): 1948-1972
7 – Lourdes Maria Wanderlei Pontes (PCBR): 1943-1972
8 – Luiz Guilhardini (PCdoB): 1920-1973
9 – Mario de Souza Prata (MR8): 1945-1971
10 - Merival Araújo (ALN): 1949-1973
11 – Ramires Maranhão do Valle (PCBR): 1950 - 1973
12 – Ranusia Alves Rodrigues (PCBR): 1945 - 1973 
13 – Vitorino Alves Moitinho (PCBR): 1949 – 1973
14 – Wilton Ferreira (VAR-PALMARES): ? - 1972

Breve biografia dos militantes

Desaparecidos políticos

Ramires Maranhão do Valle – Militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) – Estudante Secundarista, desaparecido desde 1973 aos 23 anos.

Vitorino Alves Moitinho – Militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) – Estudante, bancário e operário, desaparecido desde 1973 aos 24 anos. 

Mortos oficiais

José Bartolomeu Rodrigues de Souza – Militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) – Estudante Secundarista, morto sob tortura no Doi-Codi/RJ, em 29 de dezembro de 1972, aos 23 anos.

José Silton Pinheiro – Militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) – Estudante Secundarista, foi morto aos 24 anos, seu corpo estava carbonizado dentro de um carro, na Rua Grajaú, nº. 321 (RJ), no dia 30 de dezembro de 1972, após ter sido barbaramente torturado.

Ranúsia Alves Rodrigues – Militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) – Estudante de Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco, foi assassinada em 28 de outubro de 1973, seu corpo foi encontrado carbonizado na Praça Sentinela em Jacarepaguá/RJ.

Almir Custódio de Lima – Militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) – Estudante Secundarista, seu corpo foi encontrado carbonizado na Praça Sentinela em Jacarepaguá/RJ, tinha 23 anos.

Getúlio d’Oliveira Cabral – Dirigente do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) – Escriturário da Fábrica Nacional de Motores – Morto sob tortura no dia 29 de novembro de 1972, aos 31 anos no Doi-Codi/RJ.

José Gomes Teixeira – Militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8) – Marítimo e funcionário da Prefeitura de Duque de Caxias/RJ. Foi preso em 11 de junho de 1971, pelo CISA, onde foi torturado e morreu em 15 de junho, ainda preso.

José Raimundo da Costa – Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) – Ex-sargento da Marinha – Morto aos 32 anos de idade, no Rio de Janeiro, no dia 5 de agosto de 1971, após ter sido preso e torturado no Doi-Codi/RJ.

Lourdes Maria Wanderley Pontes – Militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) – Morta aos 30 anos de idade, no Rio de Janeiro, em circunstâncias ainda não esclarecidas, 29 de dezembro de 1972, no “aparelho” da Rua Sargento Valder Xavier de Lima nº. 12, fundos.

Wilton Ferreira – Militante da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) – O corpo de Wilton entrou no IML/RJ, como desconhecido, pela Guia nº. 04 do DOPS, em 30 de março de 1972, segundo versão oficial, metralhado em sua casa à Rua Silva Vale, nº. 55, bairro de Cavalcanti/RJ.

Mário de Souza Prata – Militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8) – Estudante de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Morto aos 26 anos de idade, no Rio de Janeiro, em 2 de abril de 1971, baleado à Rua Niquelândia, nº. 23, bairro de Campo Grande.

Merival Araújo – Militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) – Estudante, foi preso aos 24 anos de idade, no dia 7 de maio de 1973, em seu apartamento em Laranjeiras/RJ, por agentes do Doi-Codi/RJ, onde foi torturado até a morte.

Luiz Guilhardini – Dirigente do Partido Comunista do Brasil (PC do B) – Operário naval e ferreiro, foi morto aos 53 anos de idade no Rio de Janeiro, logo após sua prisão. Seu cadáver foi encontrado na esquina das ruas Girapimirim com Turvânia, no ano de 1976.

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