quinta-feira, 21 de junho de 2012

Duas mentiras contra a novidade ou: O círculo vicioso da experiência e da viabilidade


Por Carlos Alberto Lúcio Bittencourt

Sem nos darmos conta, reproduzimos as engrenagens que nos aprisionam. Participamos de um jogo cujas regras nos derrotam de antemão, mas seguimos pondo fé nos dados. Mas ninguém é enganado para sempre, como diria Chico Science, “um homem roubado nunca se engana”. É necessário desengrenar as engrenagens, virar o tabuleiro! Esse é o primeiro passo para criar outras estruturas e regras de um jogo onde o ser humano seja o ser supremo e a vitória comum seja a medida da vitória.

Em Niterói, a maioria da população começa a balbuciar essa recusa, começa, gaguejante, a pronunciar a palavra insurgência. No entanto, as lições aprendidas em tediosos ditados, as mentiras que de tão repetidas tornaram-se verdades, ainda sobressaem frente às novas ideias e reproduzem as velhas engrenagens. Para transformar a cidade teremos que abandonar o velho dialeto da política tradicional e, em uma nova língua, pronunciar a palavra transformação.

Duas ideias serão decisivas nessas eleições municipais. Se elas se mantém fortes, a máquina segue a todo vapor. Se elas são quebradas, quebra a máquina, surge a possibilidade da novidade. Resta saber se os cidadãos niteroienses serão capazes desse atrevimento.

A mais grave delas vem da máxima da “experiência administrativa”. Rodrigo Neves, Felipe Peixoto, Comte Bittencourt, Sergio Zveiter têm experiência e Flavio Serafini não tem. Se essa tese se mantém sempre seremos governados pelos mesmos. Essa noção de experiência é rasa como um piris e é a base para perpetuação no poder daqueles que governam contra o povo.

1- Esses senhores têm experiência porque fizeram parte de governos. Ora, mas não são esses mesmos governos que atacam os direitos do povo, que estão envolvidos em negociatas e esquemas como no recente caso da Delta? Todos eles estão ou estiveram como secretários de Sérgio Cabral, ou de Jorge Roberto, a serviço de suas políticas, é essa experiência que devemos valorizar?

2- Esses cidadãos, sem exceção são políticos profissionais, não têm ofício, a não ser disputar eleições ou negociar participação em governos. Essa é a experiência de tornar-se gestor e partícipe acrítico do sistema político atual. Ora, se denunciamos o sistema político atual como um antro de todo tipo de podridão como podemos validar essa experiência como determinante para o nosso voto?

3- A experiência de Rodrigo Neves foi construída na participação em governos de todos os tipos, apenas com uma característica comum, todos esses governos governaram contra os interesses do povo. Basta perguntar: “em que melhorou minha vida com esses governos”? Felipe Peixoto, com menos experiência, faz parte do mesmo governo Sérgio Cabral que Rodrigo Neves, governo este que está envolvido numa grave denúncia de corrupção com a empresa Delta (blindado pela Bancada do PT “Você é nosso e nós somos teu”) e que ataca os direitos dos professores, médicos e da população como um todo, como por exemplo no aumento das Barcas. Além disso, Felipe é o candidato do experiente Jorge Roberto Silveira em sua campanha.

PRA QUE SERVE ESSA EXPERIÊNCIA?


A segunda ideia falsa que tentam perpetuar como verdade é a noção de “viabilidade eleitoral”. As candidaturas vinculadas ao PT e ao PDT teriam mais chances do que uma candidatura do nosso pequeno e aguerrido PSOL. Essa ideia negligencia um aspecto fundamental, as pessoas começam a balbuciar a palavra mudança e buscam um partido que possa soletrar com elas essa palavra de forma autêntica. Nas últimas eleições para Deputado Estadual, Marcelo Freixo, mais votado da cidade, teve 28.399 votos, Felipe Peixoto 24.639 votos e Rodrigo Neves apenas 19.626 votos. Ou seja, o PSOL já venceu esses partidos e pode vencê-los novamente.

“É SÓ VOCÊ QUERER, É SÓ VOCÊ ACREDITAR”!

A candidatura do PSOL tem experiência e viabilidade. Nossa experiência não vem da participação em governos, porque não podemos participar de governos que governam contra o povo. Construímos essa experiência justamente sendo intransigentes no princípio de construir um governo dos de baixo, construímos essa experiência quando não nos curvamos e rompemos com o PT quando esse rompeu com os trabalhadores, que dizia representar, para governar com os Sarneys, Collors, Robertos Jefersons, Jorges Robertos da vida. Reivindicamos muitos elementos do programa abandonado pelo PT, como o orçamento participativo, a radical democratização do espeço urbano e o enfrentamento com os grandes setores do capital. Temos a experiência da coerência, da manutenção intransigente de um programa de mudanças e de princípios éticos. Não seria essa experiência mais valorosa que as outras?

Estivemos envolvidos com as principais lutas sociais na cidade. Na resistência contra o aumento da Barcas estivemos atentos aos anseios da população no setor de transportes. Nas lutas pelo reconhecimento dos direitos violados dos desabrigados pelas chuvas construímos o nosso programa para moradia na cidade. No enfrentamento aos especuladores imobiliários, contra os espigões na Região Oceânica, na Zona Norte, em São Francisco reforçamos a ideia de que a habitação é um problema central e que o atual sistema de expansão imobiliária é o causador maior do caos no trânsito. Nos embates da Câmara travados por Renatinho e Paulo Eduardo, confrontamos duas visões de investimentos orçamentários e mesmo em minoria dissemos não ao atual projeto em curso há mais de 20 anos. Somos o partido que mais teve experiências na luta pelo fechamendo do Lixão do Morro do Céu, que segundo laudos técnicos devia estar fechado desde 2005. Nas lutas em defesa da Universidade Pública, seja no Sindicato dos Docentes, seja no dos Técnicos Administrativos, seja no Diretório Central dos Estudantes, onde os militantes do PSOL têm grande influência, construímos a legitimidade para convidar diversos professores e pesquisadores da UFF para colaborar e construir conosco um governo popular.

Queremos dizer, por fim, que onde parece mais fácil manter os vícios de linguagem e repetir velhos ditados, nos encanta soletrar a palavra novidade dentro de uma língua que sempre exige o plural. Quem espera a experiência do político tradicional, o terno a gravata e a palavra macia que escondem a nódoa nos olhos e no coração, estará do lado deles. Mas quem vive e espera que a experiência da vida do povo, dos pés descalços e do peito aberto possa chegar ao poder, não através de um político, mas de uma política de democracia real, quem deseja fundo isso, estes estarão ombro a ombro conosco.

Flavio Serafini é um nome novo para representar esse novo programa, uma nova etapa na história de Niterói. É um nome de uma experiência conjugada no plural. É um trabalhador, professor, funcionário da UFF, como tantos outros trabalhadores, não um político tradicional. Vale a pena seguir votando nos mesmos? Dê um voto de desconfiança na velha política! Nosso tempo exige coragem! Sejamos atrevidos, digamos bem alto: A VELHA POLÍTICA NÃO NOS REPRESENTA. Venha com o PSOL construir uma alternativa para Niterói!

Nenhum comentário:

Postar um comentário