Por Pedro de Luna *
Como se não bastasse a imagem arranhada das Barcas S/A, a empresa também virou motivo de ódio entre a classe cultural e a população de Niterói por conta da Estação Cantareira, na Praça Leoni Ramos, em São Domingos. Nos anos 90, além de abrigar os artistas da cidade e uma diversidade de gêneros como Rock, Reggae, forró, Instrumental e MPB, o espaço cultural recebeu grandes nomes da música nacional e internacional como The Waillers, Nação Zumbi, Planet Hemp, Geraldo Azevedo, Plebe Rude, Skank, Patu Fu, Pedro Luís, Carlos Malta, e Farofa Carioca, entre outros.
A revolta dos artistas se dá porque desde que a Prefeitura Municipal interditou o local para reformas, com a promessa que o lugar seria restaurado para melhor abrigar público e artistas. Porém, a Cantareira nunca mais foi a mesma. Além de alugar o espaço para empresários abrirem a boate Happy News (hoje, São Firmino), as Barcas S/A cogitam (pasme!) derrubar o imóvel tombado para erguer um hotel!
Não se trata apenas de devolver um espaço que, moralmente, pertence ao povo niteroiense, mas que, tudo indica, foi apropriado de forma irregular. Em 2004, o terreno ao lado da Cantareira foi cedido a Barcas S/A para servir como base de apoio à obra de restauração do espaço. E nunca devolvido. A CPI das Barcas solicitou a reintegração de posse do terreno contíguo à Cantareira. O plano é construir uma lona cultural para fazer o papel que a Cantareira não está cumprindo.
Um ofício foi encaminhado ao Ministério Público, pois, tudo indica que aquele terreno (onde outrora funcionou a oficina de barcas) não fazia mais parte do ativo da CONERJ, já que o aterro da UFF bloqueou o acesso ao mar. Logo, foi doado outro imóvel na Ponta da Areia e o imóvel da Cantareira deveria ter sido devolvido a União / Estado, ou seja, deveria ter sido excluído do capital da empresa e repassado ao Estado, para uso cultural, visto que é um patrimônio público e tombado.
Movimentos culturais como Pop Goiaba, Arte Jovem Brasileira e Araribóia Rock, entre outros, puxaram a campanha “A Cantareira é Nossa” com ato shows, vídeos no YouTube e páginas em redes sociais. Para conhecer mais desta luta, que também é sua, basta procurar na internet e se engajar.
* Gestor cultural e coordenador do coletivo arariboiarock.com.br
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