*Por Lucas Corrêa
Moradora de Icaraí ateia fogo em um carrinho de coleta de lixo reciclável, pertencente a um homem em situação de rua. O ato quase mata outro homem que dormia embaixo do carrinho.
A história começou dia 25 de maio, quarta-feira, com uma briga entre duas moradoras de rua. Uma delas, ao jogar uma pedra para acertar a outra, acaba acertando o carro de um casal do prédio em frente. É de se imaginar que essa situação gere sensação de alívio, afinal uma pedra que poderia ter matado uma pessoa acertou somente um carro. Mas não: aquelas pessoas não são consideradas seres humanos, elas são vistas como um problema.
O casal dono do carro decidiu se vingar ateando fogo nos pertences dos moradores de rua, quase matando um deles, que dormia no local. Marco Aurélio, o dono do carrinho que sofreu a retaliação dos moradores do edifício Santa Cecília, número 738 da Rua Lopes Trovão, conta que foi à polícia reclamar o seu prejuízo. Lá, foi informado que nada poderia ser feito, pois que se trataria de um caso de “danos morais”. Ele perguntou: “Se eu colocar fogo no carro deles, também será danos morais?” O policial responde que ele pode fazer o que quiser, desde que não seja pego em flagrante.
Marco Aurélio sabe o que irá acontecer com ele se agir como o casal que incendiou o seu único meio de ganhar a vida: “eu só quero ver se não vão me espancar, me esculachar e me mandar para cadeia. Existe uma diferença de classe”.
E esse é o ponto principal. É o que diferencia a violência da briga entre as moradoras de rua – que foram levadas para a 77ª D.P. – e a violência da moradora do Santa Cecília, que continua em casa olhando para Marco Aurélio como se ele fosse um bicho. É por esse mesmo motivo que O Fluminense noticia a briga entre as moradoras como a causa de uma “grande confusão”, e em duas linha cita o caso do incêndio do carrinho de Marco Aurélio. O problema – diferentemente do que pensam o poder público, a imprensa, a burguesia – não são os moradores de rua, abandonados e agredidos por todos os lados. O problema é aquilo que Marco Aurélio consegue ver claramente: “Existe uma diferença de classes”.
O caso foi denunciado na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa (ALERJ).
A matéria do Fluminense:
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