Entrevista com Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cá tem dado o que falar. O documentário de Sílvio Tendler mantém vivo, afinal, o pensamento do geógrafo já falecido há 10 anos, mas ainda, por demais, atual com a sua denúncia emocionada contra a globalização. O documentário foi exibido nesta quinta-feira (2/5) na noite de estreia do Cineclube Frei Tito, no auditório da Geografia da UFF, lotado por mais de 300 jovens de todas as idades. Foi como se Milton estivesse à mesa, ao lado do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), do intelectual e ativista político Plínio de Arruda Sampaio e do professor de Geografia da UFF Carlos Walter.
“Foi preciso matar e torturar muita gente para a implantação do neoliberalismo no mundo”, acusou Carlos Walter, que abriu o debate, referindo-se à era Pinochet, no Chile dos anos 1970. “E vocês estão pensando que é a China que está mandando?”, provocou o professor, para em seguida anunciar o fim do capitalismo, pelo menos na forma como hoje ele se apresenta, com a ameaça do advento de algo “ainda pior”, a partir da globalização. Para ele, o momento é de transição e de instabilidade. “Mais do que nunca é necessário fazer política”, alertou.
Plinio citou Mészáros para afirmar que a globalização é uma defesa do capitalismo. “Talvez seja essa a sua última defesa. O capitalismo enfrenta uma crise estrutural”. Segundo o ativista político, para quem o Brasil vive novo processo de colonização, o pior problema do capitalismo é que não tem solução para problema algum do homem contemporâneo: “Mesmo quando dá solução imediata, esta resulta imediatamente depois em algo pior. O capitalismo está nos seus estertores”.
“O debate dos direitos humanos hoje é central para se discutir o capitalismo, é o eixo do debate de classes”, defendeu Marcelo Freixo. “Trata-se de se discutir quem serve ou não; quem pode ou não ser eliminado. Tem uma parcela da sociedade que é supérflua, que sobrou. Então o debate sobre capitalismo passa pelo debate sobre segurança pública. Porque é tênue o limite entre o que é supérfluo e o que é criminoso. É preciso, mais do que nunca, lutar pelos direitos humanos”, alertou Freixo, que é professor de História e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj.
O debate, que contou com a intensa participação do público, com perguntas e manifestações de indignação com o modelo de sociedade em que vivemos, foi apenas o primeiro realizado pelo Cineclube Frei Tito, uma iniciativa do Núcleo Frei Tito de Direitos Humanos, Comunicação e Cultura, do PSOL de Niterói. O próximo debate está programado para 5/7, a partir das 18h, em local ainda a ser confirmado, quando será iniciada a exibição de outro filme do Sílvio Tendler: Utopia e Barbárie. O cineasta vai participar da mesa, com Milton Temer e Marildo Menegat.
Caramba, que lindo! Sala lotada. Que honra.
ResponderExcluirSilvio Tendler
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